13º salário estimula o consumo em bares e restaurantes nas favelas
Fim de ano movimenta comércio local nas favelas e empreendedores comemoram alta de vendas no setor
O final de ano é tradicionalmente um período movimentado
para bares e restaurantes. Com as férias de final de ano e o pagamento do 13º
salário, os estabelecimentos esperam receber mais clientes, aponta a pesquisa
feita em outubro pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),
quando 78% dos estabelecimentos esperavam um aumento do movimento no final do
ano.
O modo como se gasta o dinheiro varia de acordo com a classe
social, é o que diz a teoria do princípio da propensão marginal a consumir. No
caso das pessoas de baixa renda, há uma tendência a gastar a maior parte do dinheiro
recebido. Esse fenômeno ocorre porque as necessidades básicas dessas populações
consomem uma maior parcela de sua receita, deixando pouco espaço para
poupança.
Com a elevação do poder de compra pelo décimo terceiro, seus
gastos com alimentação fora do lar tendem a aumentar. A temporada de
comemorações impulsiona essa tendência, ainda que o ganho extra seja
distribuído por outros segmentos.
Val Cabral, da lanchonete Le Gateau, na favela Jardim
Vitória, em Cuiabá (MT), acredita que os gastos em outros setores não
prejudicam seu negócio.
“As pessoas consomem mais, é um dinheiro extra. Muitas
pessoas compram um celular, utensílios para o lar ou eletrodomésticos,
principalmente aqui na minha comunidade e região. Mas no meu estabelecimento,
que é voltado para lanches, até as vendas na hora do almoço têm aumentado
bastante, desde a primeira parcela do 13º”, observa.
Apesar de grande parte dos décimos terceiros serem gastos em
eletrônicos e eletrodomésticos, os bares e restaurantes das favelas também percebem
um aumento do faturamento. Com mais dinheiro circulando nas comunidades, esses
estabelecimentos veem o movimento aumentar de forma indireta.
Em Campo Limpo, na periferia em São Paulo/SP, esse
crescimento do movimento também é observado. Rodrigo Chad, do restaurante
Delícias da Tia Cida, conta que a maior circulação de pessoas favorece a
passagem de mais clientes pelo estabelecimento.
“Como a gente está em uma área comercial, tem diversas lojas
e isso atrai mais consumidores aqui para nossa região. O pessoal faz as compras
e procura no celular onde vai almoçar ou comer um salgado”.
O empreendedor acrescenta que o público tende a optar por
restaurantes quando identifica boas avaliações e preços acessíveis. “A gente
tem notado esse aumento de vendas todo dezembro. Entre o Natal e o ano novo já
começa a voltar ao normal, mas também tem um balanço de venda legal”, comenta
Rodrigo.
Segundo o Data Favela, são movimentados mais de R$200 bilhões por ano
nas favelas. Com maior movimentação nessa época do ano, todas as comunidades
sentem os benefícios, pois é na circulação desse valor que muitos
estabelecimentos se sustentam. O dinheiro gasto dentro das favelas estrutura
toda uma cadeia própria de produtos e serviços que são feitos pela e para a
comunidade. No fim, fortalecer o comércio local beneficia vários setores também
de forma indireta, como é o caso de bares e restaurantes.
Núcleos Abrasel
Para impulsionar o empreendedorismo nas favelas, a Abrasel
está presente com seis núcleos que visam estimular a jornada de crescimento de
negócios de alimentação fora do lar.
Ações como oficinas, cursos e consultorias são realizadas
para capacitar e apoiar os empreendedores, otimizando seus resultados e
trazendo impactos que se estendem de forma positiva para além dos negócios
beneficiados.
Atualmente, a entidade conta com núcleos em Vergel do Lago
(Maceió/AL), Aglomerado da Serra (Belo Horizonte/MG), Bairro da Paz
(Salvador/BA), Vila Torres (Curitiba/PR) e Campo Limpo (São Paulo/SP).
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