Cerca de 1 milhão de brasileiros sofrem de demência, sendo a maioria deles por decorrência da doença de Alzheimer. Em 30 anos, a estimativa é que o número quadruplique, chegando a 4 milhões. As informações são de um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais de Pelotas (UFPel), Rio Grande do Sul (UFRGS) e Queensland, da Austrália.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e progressiva que afeta, majoritariamente, pessoas acima dos 65 anos, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo, segundo o Ministério da Saúde. 

As pessoas que apresentam a condição costumam ter esquecimentos constantes e, em casos mais graves, podem não reconhecer familiares e pessoas próximas e apresentarem dificuldades para realizar atividades do dia a dia, como se vestir, tomar banho ou alimentar. 

O esquecimento sobre a alimentação pode propiciar o desenvolvimento de outros problemas de saúde. Por isso, há casos em que o médico que acompanha o paciente pode indicar o uso de noripurum para anemia e outros medicamentos para sanar problemas derivados da condição. 

Apesar de não ter cura, as pessoas diagnosticadas com a doença podem receber tratamentos medicamentosos para minimizar os distúrbios provocados por ela. Um dos medicamentos defendidos por pesquisadores é o canabidiol. Pesquisas científicas mostram que as medicações com a substância na composição apresentam ativos que recuperam o prejuízo da memória e auxiliam os pacientes no tratamento. Também há indicativos da possibilidade de uso do canabidiol para a prevenção da patologia. 

Pesquisas estudam a relação entre canabidiol e Alzheimer 

Estudo produzido por pesquisadores do Instituto Técnico de Ensino Chiaradia (ITEC), publicado na Revista Saúde em Foco, menciona que um dos medicamentos capazes de tratar os sintomas que afetam a memória, a cognição e as habilidades funcionais é o canabidiol, um composto não psicoativo derivado da planta Cannabis. 

Os pesquisadores afirmam que os medicamentos com essa composição têm propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e antioxidantes. As características ajudam a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo no cérebro, auxiliando na proteção de células cerebrais e no retardamento da progressão do Alzheimer. 

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também apresentou evidências de que os canabinóides - ativos encontrados na Cannabis - podem ser úteis na prevenção de doenças psiquiátricas e neurológicas, incluindo o Alzheimer. 

A descoberta foi publicada na revista alemã European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences e mostrou que na análise in vitro, os canabinóides impulsionam a proliferação de células capazes de evitar essas patologias. 

Já um estudo conduzido pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) investigou os benefícios do canabidiol e do tetrahidrocanabinol. Após 22 meses de acompanhamento de pacientes, foram observadas melhoras no humor, no sono e na memória. 

A pesquisa destacou que as causas do Alzheimer ainda não são bem conhecidas, porém o que se sabe é que os sintomas começam a surgir após a morte de neurônios localizados no sistema nervoso central, ocasionando o desequilíbrio entre as proteínas da região. O medicamento a base de canabidiol atua reequilibrando esse sistema.

Uso de canabidiol no país 

Há quem pense que o uso de produtos à base de Cannabis não é legalizado no Brasil, devido à correlação entre a utilização para fumo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou o uso medicinal da Cannabis em 2019, permitindo a prescrição de medicamentos à base de canabinoides por qualquer médico. Desde então, o órgão regulador aprovou mais de 20 produtos fabricados com Cannabis. 

Os interessados conseguem encontrar os medicamentos em farmácias e lojas de manipulação. O preço do canabidiol medicinal pode variar conforme a quantidade e composição, podendo custar entre R$ 180 e R$ 2.300.

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) destaca que para obter medicamentos de canabidiol no Brasil é necessária a prescrição médica e a apresentação de uma receita especial. Em alguns casos, o medicamento pode ser obtido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).